Na última terça-feira, 26 de agosto de 2014, aconteceu na Rede Bandeirantes de Televisão, o primeiro debate aberto entre os presidenciáveis das eleições de outubro próximo.
Os debatedores foram os candidato Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Levy Fidelix (PRTB) e Eduardo Jorge (PV). Já o mediador foi o jornalista e apresentador de telejornal Ricardo Boechat.
Já na primeira pergunta, genérica a todos os candidatos, sobre a crise na segurança pública, um fato chamou a atenção dos telespectadores: nenhum dos debatedores identificou as questões sociais como causa da violência e da criminalidade. Isso pelo fato de que todos sugeriram como soluções, questões do tipo: o aumento de verbas públicas para a segurança; melhoria de salários de policiais; diminuição da maioridade penal; construção e/ou privatizações do sistema presidiário; entre outras velhas ideias insuficientes.
Não que tais questões sejam desimportantes, mas nenhum dos candidatos demonstrou o entendimento que a violência crescente e descontrolada teria relação com as condições sociais da população, em especial, das camadas mais carentes. O descaso com a educação, com o saneamento básico, com o esporte, com a saúde pública, com a cultura, com a garantia do emprego, com a moradia digna, etc, parecem, na leitura dos ilustres candidatos, não ter algo haver com os altos índices de violência.
A impressão passada à população é a de desconhecimento da realidade dos brasileiros, associado à falta de programas sérios de governo, projetos de Estado a longo prazo e da falta de vontade política para a solução do problema crônico da segurança pública, por parte das candidaturas apresentadas.
Mais desanimador, ainda, é o fato de sabermos que, mesmo se medidas e soluções mais inteligentes e eficazes fossem apresentadas por parte dos presidenciáveis, estas não seriam confiáveis pois, como as experiências passadas, até o momento nos mostraram, tais ideias e promessas não passam de "discursos prontos" de cunho eleitoreiro. Esses discursos que estratégica e pontualmente são fabricados terminam só se realizando no mundo das ideias, pois na prática prevalecem os interesses dos partidos, visando, exclusivamente, a manutenção do poder, a tal "governabilidade", sendo que para isso, a classe política dominante, literalmente, se vende aos interesses privados, deixando o povo numa situação crônica de insegurança pública, há décadas, pra não dizer séculos. Isso ainda, para não mencionar o envolvimento de políticos importantes com o tráfico de drogas, o tráfico de armas e interesses na manutenção da miséria de seus currais eleitorais.
Por fim, pouca esperança há, pois o povo não possui a cultura de cobrar promessas nas ruas e muito menos de fazer valer sua insatisfação nas urnas, perpetuando assim, sanguessugas do sangue nacional no poder, a exemplo de Sarney, Renan, Collor, Maluf, entre tantos outros, que descaradamente servem, quando no poder, aos seus próprios intereses, em detrimento dos interesses da população, que com seus votos, os escolhe como representantes.
Acorda eleitor brasileiro!
Ou então, pode fazer a escolha de continuar agonizando no próprio vômito nas urnas.
Por Fernando Carneiro.
Por Fernando Carneiro.